Uma retomada justa e sustentável
*Mauricio Harger, diretor geral da CMPC Brasil
Nós não caminhamos para o futuro simplesmente, nós o construímos. Apesar de uma pandemia ainda em curso e muito dura, precisamos de energia e planejamento sólido para que o Brasil e todos os brasileiros estejam de pé na retomada pós-Covid 19.
A tarefa é árdua e não tem um único dono. Assim como o novo coronavírus chegou sem um manual sobre como lidar com a situação, não existe uma fórmula mágica para passarmos por este momento. Mas há saídas.
E para que esta caminhada tenha o rumo certo, é preciso sinergia de todos: poder público, iniciativa privada e sociedade civil.
Neste cenário, faz-se necessário que as companhias reflitam sobre qual o seu papel dentro da sociedade. Em documento do Fórum Econômico Mundial, intitulado Medindo Capitalismo de Stakeholders, as empresas devem “criar um valor sustentável de longo prazo, com vistas nas necessidades de pessoas e do planeta”. O material ainda crava: “as pessoas são cruciais para as organizações”.
Vestindo as lentes do amanhã, enxergo que só haverá prosperidade se a iniciativa privada entender os anseios sociais e colocar em prática iniciativas que gerem valor compartilhado. Mais do que nunca são necessárias ações que propiciem benefícios mútuos a todos os agentes da cadeia envolvida.
A CMPC está encarando 2021 como um motorista em uma estrada. No retrovisor, com muito cuidado, vê o que passou e o que ainda está passando. Mas o olhar está à frente, na direção para qual avança. As experiências vivenciadas nos últimos meses servem de aprendizado para pensarmos e desenvolvermos uma nova economia: carbono neutra, com fortes práticas de ESG e parcerias consolidadas em todo o Rio Grande do Sul.
As empresas têm o papel fundamental de induzir mudanças a partir de uma atitude empreendedora. Acredito que o protagonismo se dá pelo exemplo e pela iniciativa. É alicerçado nessa perspectiva que será dado o primeiro passo em um novo rumo, com a implementação de um grande programa de fomento florestal. No mais moderno conceito da bioeconomia, em que se faz mais com menos, a companhia fará parcerias com produtores rurais pelo Estado para plantio de árvores para fins produtivos.
Um verdadeiro negócio inclusivo em que todos ganharão: pequenos, médios e grandes produtores rurais, que serão capacitados para o plantio em suas propriedades, inserindo-se na nossa cadeia produtiva e construindo uma nova oportunidade de renda. Com o repasse de conhecimento em manejo sustentável, o solo, a biodiversidade e os recursos hídricos serão beneficiados. Na ponta, o consumidor desfrutará de produtos elaborados a partir de uma matéria-prima biodegradável, itens essenciais como embalagens, papel toalha, guardanapos, papel higiênico, fraldas descartáveis, entre outros. É a consolidação de uma cadeia de origem renovável e que leva desenvolvimento às áreas rurais do estado.
Este é um exemplo que podem iluminar o caminho para que iniciemos uma retomada mais ágil e mais sustentável. Enraizando esta cultura, certamente, a visão de que as empresas fazem “tudo pelo lucro” perderá espaço para o “lucro admirado”. Aquele em que todos percebem que contribuíram e sentem que foram beneficiados.
Dentro de uma economia moderna, as pessoas são vistas com valor e a natureza com respeito. Trabalhar apoiado nestes pilares significa estar de mãos dadas com um futuro próspero. Vou além: significa trabalhar pela retomada do Brasil.