Setor brasileiro de árvores cultivadas apresenta ações pela biodiversidade

Por Ibá
21/10/2024
O setor brasileiro de árvores cultivadas lança, durante a 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que começa hoje, na Colômbia, o estudo inédito “Biodiversidade: um compromisso do setor brasileiro de árvores cultivadas”, que demonstra como a biodiversidade está há anos na estratégia de suas empresas. O caderno é organizado pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que representa institucionalmente a cadeia que planta árvores para fins industriais e para restauro ecológico, e apresenta ações concretas, jé em prática, que convergem com as metas do Marco Global de Kunming-Montreal.
As metas foram estabelecidas pelos países membros da Convenção sobre Diversidade Biológica na última edição do evento, a COP15, em 2022, e a expectativa é de que agora seja debatido o progresso na preparação e na implementação das Estratégias e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade (Epanbs). Pela importância dessas discussões, esta edição deve ser a maior da história.
“Os maiores desafios da caminhada humana atualmente passam pela crise do clima e da biodiversidade. O setor inova ao lançar o caderno de biodiversidade com cases concretos e que transformam metas em ações. É disso que o mundo precisa”, explica o presidente da Ibá, Paulo Hartung.
Propósito
O estudo chega à frente das discussões, apresentando iniciativas de 16 empresas: Bracell, Cenibra, CMPC, Dexco, Eldorado Brasil, Eucatex, Gerdau, Irani, Klabin, Melhoramentos, Norflor, Suzano, Sylvamo, TRC, TTG Brasil e Veracel. O documento está disponível no site da Ibá.
“Esse caderno é um marco na trajetória do setor de árvores cultivadas, mostrando que as ações de cuidado com a biodiversidade estão profundamente integradas ao propósito corporativo. O futuro está em jogo, e o tempo para agir é agora”, esclarece a gerente de Políticas Florestais e Bioeconomia da Ibá, Patrícia Machado. Ela acrescenta que no setor de árvores cultivadas a sustentabilidade não é um mero discurso, ela já é parte essencial da estratégia empresarial.
Preservação da biodiversidade é diferencial para empresas
Indústria de árvores cultivadas contribui para manutenção de serviços ecossistêmicos
A importância da biodiversidade vai além da preservação da vida silvestre; é fundamental para a resiliência dos ecossistemas e a mitigação das mudanças climáticas. O Brasil abriga cerca de 20% das espécies do planeta e a maior floresta tropical do mundo, além de 12% das reservas de água doce. O país pode ser protagonista na pauta ambiental, que ganha cada vez mais destaque.
'Preservar a biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia essencial para garantir a sobrevivência e o bem-estar no nosso planeta”, diz Paulo Hartung, presidente da Ibá
Nesse cenário, a indústria de árvores cultivadas é um exemplo de que é possível produzir e conservar. O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia, que, ao crescerem, removem e estocam carbono. No Brasil, são 10,2 milhões de hectares de árvores plantadas, colhidas e replantadas. Além disso, o setor mantém outros quase 7 milhões de hectares para conservação. Nessas áreas, foram registradas 8.310 espécies de fauna e flora.
“Sem uma biodiversidade saudável, as florestas são menos eficientes no sequestro de carbono, e a agricultura é impactada. Não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia essencial para garantir a sobrevivência e o bem-estar no nosso planeta”, explica Hartung.
Resultados
Um dos destaques do caderno é a conservação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, localizada no sul da Bahia. A reserva tem mais de 6 mil hectares de Mata Atlântica e abriga uma das maiores diversidades arbóreas do mundo, além de ser lar de 300 espécies de aves e mamíferos, incluindo a harpia, também conhecida como gavião-real, uma das maiores aves de rapina do mundo e ameaçada de extinção.
No bioma Cerrado (MS), o Projeto Alpha, da TTG, abrange 24 mil hectares, e está transformando 17 mil hectares de pastagem em áreas de restauração ecológica e de atividade florestal. O sucesso pode ser medido pelo registro de antas na região.
A Eldorado, por sua vez, apresentou seu manejo florestal sustentável, que, mediante práticas amigáveis, incluindo a intensificação sustentável, promove a conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Com isso, as áreas da empresa são refúgio para diversas espécies, como o cachorro-vinagre e o tamanduá-bandeira.
Outro exemplo é o Parque Ecológico Klabin, com 10 mil hectares no Paraná, e que tem um papel fundamental na proteção de ecossistemas e de espécies ameaçadas. Já em São Paulo, a Suzano, por meio da gestão de áreas de conservação e do uso sustentável da biodiversidade, conseguiu que a área degradada do Parque das Neblinas se transformasse em um recorte exuberante de Mata Atlântica entre Mogi das Cruzes e Bertioga, em São Paulo.
Representado pela Ibá, o setor de árvores cultivadas brasileiro é referência global na produção de celulose e no manejo florestal sustentável. Das árvores cultivadas saem produtos inovadores e matéria-prima para papel, embalagens de papel, pisos laminados, carvão vegetal utilizado na indústria do aço, insumos para indústria farmacêutica, viscose para a indústria têxtil, mel, papéis para fins sanitários, fraldas, móveis, pellets e caixotarias, entre outros.
Publicado em: Valor Econômico