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Piso laminado: a história, a composição e a evolução do revestimento

Por Maria Silvia Ferraz
02/06/2025 - Sustentabilidade, bom custo-benefício e praticidade são atributos comumente relacionados ao piso laminado. Mas você sabe exatamente o que é o material, como é feito, para quais ambientes é indicado e por que é sustentável? Ainda, conhece sua origem e história?

A história do piso laminado
O piso laminado foi criado na Suécia, pela marca Pergo, em 1977. “A madeira sempre vai ter o aconchego e a natureza que as pessoas desejam para a decoração. E havia a necessidade de um piso de madeira que proporcionasse mais facilidade de instalação', contextualiza Flávia Athayde Vibiano, gerente de marketing e produtos do segmento construção civil da Eucatex.

O produto da Pergo chegou ao mercado europeu em 1984, e aos Estados Unidos em 1994. A estética da madeira do piso laminado, aliada a durabilidade e praticidade superiores a outros pisos disponíveis na época, gerou um sucesso imediato.

Nos anos seguintes, avanços na tecnologia e o aumento de fabricantes reduziram seu custo e proporcionaram a difusão do produto. A Pergo segue até hoje produzindo pisos laminados, consolidada como uma das principais marcas internacionais.

A principal evolução em tecnologia foi o sistema de instalação clicado, desenvolvido em paralelo por duas empresas concorrentes: a sueca Välinge, em 1996, e a belga Unilin, em 1997, que o consolidou com o nome Quick-Step.

No Brasil, o piso laminado chegou em 1994 por importação, como um acabamento de luxo. Em 1997, a Durafloor iniciou a produção nacional. A partir dos anos 2000, avanços tecnológicos e a ampliação da oferta, com mais fabricantes brasileiros, tornaram o piso laminado ainda mais popular.

Ainda assim, o piso laminado representa uma fatia pequena do mercado brasileiro de revestimentos, diferente dos Estados Unidos e Europa. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2023, a participação do laminado em pisos de ambientes internos foi de 1,6%, mesma porcentagem que a madeira maciça. Por questões culturais e climáticas, a cerâmica e o porcelanato dominam o Brasil, representando 62,5% e 25,9%, respectivamente.
“Ainda há muito potencial de crescimento para o piso laminado no mercado brasileiro. Acreditamos que falta o consumidor conhecer mais esse revestimento e o desafio da indústria é apresentar suas vantagens', afirma Carlos Mariotti, gerente de política industrial da Ibá.

O que é o piso laminado?
A esta altura, talvez você esteja se perguntando: mas exatamente o que é piso laminado? Qual a diferença para o piso de madeira maciça?

Apesar do laminado também ser composto por madeira, é diferente do piso de madeira maciça. Enquanto o de maciça traz madeiras nobres, apenas cortadas, o laminado é fabricado a partir de árvores plantadas para fins industriais, normalmente pinus e eucalipto. O padrão de diferentes madeiras que vemos na superfície do material, na verdade, são impressões de alta definição.

O nome 'piso laminado' já indica: ele é composto por diferentes lâminas. O centro, chamado de substrato ou core, é feito com substrato de madeira de alta densidade: High Density Fiberboard (HDF) ou High Particle Panel (HPP), dependendo do fabricante.

O HPP é prensado em alta temperatura e oferece mais estabilidade, o que permite formatos maiores para as peças de piso. É essa a técnica que a fabricante Eucatex usa, com formatos que chegam a 135 x 44 cm nas tábuas, e 90 x 90 cm nas peças quadradas.

Acima do substrato, há uma folha decorativa com impressão, o que confere a estética do piso laminado. Sobre ela, vem o chamado overlay, um filme de papel transparente que oferece resistência a riscos e abrasão. Abaixo de tudo, o chamado balanço, também de madeira, que dá balanceamento.

Todas essas camadas são impregnadas com resina melamínica, um polímero sintético produzido a partir de recursos renováveis, como madeira e ureia. Ou seja, o piso laminado é, sim, feito de madeira, mas sempre da mesma madeira, normalmente eucalipto, podendo ser também pinus, com aparência que pode variar dependendo da impressão da folha decorativa.

A instalação do piso laminado
Uma das grandes revoluções do revestimento é sua instalação. Ele pode ser instalado sobre pisos cerâmicos ou sobre contrapiso, mesmo que haja pequenas imperfeições. É colocada uma manta de polietileno e, sobre ela, as tábuas do laminado.

Não há necessidade de argamassa ou rejunte. Por isso, muitas vezes o acabamento é também chamado de flutuante. Assim, também é mais fácil a troca no futuro. Ele pode ser retirado sem quebra-quebra. “Caracteriza como construção a seco, representando mais sustentabilidade na obra', diz Flávia.

Atualmente, há dois tipos de encaixe entre as tábuas no mercado brasileiro: o sistema macho e fêmea, que exige cola, e o sistema clicado, em que basta encaixar. Ambos são bastante práticos e a estimativa é que uma pessoa consiga, sozinha, instalar cerca de 60 m² em um único dia. O sistema clicado, ainda, não exige experiência — ideal para faça você mesmo.

Piso laminado e sustentabilidade
Produtos de madeira sempre levantam a questão da sustentabilidade. Como ter certeza que não é fruto de desmatamento? No caso do laminado, é possível ficar tranquilo: ele é sempre fabricado a partir de árvores de pinus ou eucalipto, ambas com rápido crescimento, plantadas para fins industriais, representando uma matéria-prima renovável.

Mas a sustentabilidade vem mesmo quando essa madeira é certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), além do ISO 14000 e Programa Nacional de Certificação Florestal (Cerflor). Esses selos garantem que o pinus ou o eucalipto foram plantados em sistema de mosaico, entremeados com matas nativas, ou seja, sem impactar tanto na biodiversidade de um ecossistema. Ainda, que são cultivados em áreas desmatadas antes de 1994.

Três fabricantes de pisos laminados no Brasil possuem o atestado de qualificação reconhecido pelo Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) do Ministério das Cidades: Unilin, Durafloor e Eucatex.

Vantagens e desvantagens do piso laminado
Como todo revestimento, o piso laminado oferece vantagens e desvantagens técnicas, que o tornam adequado, ou não, para diferentes aplicações.

As principais vantagens são:
  • Preço acessível;
  • Instalação rápida, limpa e fácil;
  • Utilização no mesmo dia da instalação;
  • Resistência a riscos, manchas e impacto, com garantia de até sete anos para uso comercial e até 25 anos para uso residencial;
  • Conforto térmico, sem toque gelado;
  • É hipoalergênico;
  • Resistência a cupins;
  • Facilidade na limpeza;
  • Não há necessidade de manutenção com lixa ou cera;
  • Ausência de rejunte;
  • Não é escorregadio, sendo indicado para casas com idosos, crianças ou pessoas com mobilidade reduzida;
  • Baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), como o formaldeído, o que contribui para a qualidade do ar interno, podendo ser aplicado em ambientes sensíveis, como escolas e hospitais. Vale buscar pela certificação Greenguard Gold, como possuem os pisos laminados da Durafloor.

As principais desvantagens são:

  • Não pode ser aplicado em ambientes externos, molhados ou de altíssimo tráfego;
  • Não é à prova d’água, apesar de ser resistente a respingos eventuais;
  • Desconforto acústico, apesar da manta que vai abaixo do piso laminado poder reduzir em até 28% a percepção do 'tok tok' da madeira;
  • Desbota em contato intenso com sol.

Publicado em: Casa e Jardim