O setor privado como parceiro estratégico para a sociedade

O setor privado como parceiro estratégico para a sociedade

Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil

A Covid-19 é um adversário que já está impondo mudanças drásticas à sociedade. Mas, mesmo com sua gravidade, esta crise, como todas as outras, terá um fim. E nós estamos no exato momento em que temos de decidir para qual direção seguiremos. Aqui não há outro caminho plausível se não o diálogo e a união. Precisamos sentar à mesa a iniciativa privada e as diferentes esferas do setor público para, juntos, passar por este desafio de forma segura para todos os brasileiros. 

É preciso tratar do urgente e do fundamental. O urgente é cuidar da saúde da população e da renda. O fundamental é ser racional para, como País, terminarmos esta travessia de uma forma melhor do que começamos. 

O Brasil teve uma pequena vantagem em relação a outras nações nesta corrida, pois teve a chance de observar e aprender com as consequências da epidemia antes que ela invadisse nosso território. Assim, boa parte da iniciativa privada utilizou a estratégia da prevenção e do cuidado com o ser humano para continuar produzindo.

A CMPC, uma das principais companhias produtoras de celulose do País, trabalhou em duas ondas de forma paralela. Identificou profissionais cujas atividades permitiam trabalhar no modelo home office. Nesta etapa, informação e orientação foram norteadores primordiais para que todos os colaboradores tomassem ciência do momento difícil e pudessem se inteirar das melhores maneiras de se cuidar. Simultaneamente, a companhia investiu fortemente em cuidar dos trabalhadores que precisam exercer suas funções presencialmente. Foram tomadas medidas como aferição de temperatura; aumento da oferta de produtos para higiene pessoal; novo escalonamento de turnos de modo que as equipes atuem em menor número, evitando aglomerações; distância mínima de segurança nos refeitórios; orientação para prestadores de serviços terceirizados, entre outras. 

Desta maneira, a empresa protegeu seus colaboradores, preservou os empregos e pôde garantir a continuidade da fabricação da celulose, matéria-prima fundamental para uma série de itens essenciais para o dia a dia, como caixa de medicamentos, alimentos e produtos de higiene pessoal.  

A visão cuidadosa extrapolou os muros das companhias. É justo com a sociedade que as empresas com musculatura suficiente para ajudar assumam um compromisso de parceria com todos os brasileiros, especialmente neste momento. 

Outras empresas do setor de celulose e papel entraram em uma aliança com o Ministério da Saúde para produzir 6,5 mil ventiladores pulmonares no Brasil nos próximos meses. 

O Grupo CMPC, por meio de uma das suas empresas, a Softys, investiu na compra de máquinas que produzirão 14 milhões de máscaras cirúrgicas por mês somente no Brasil, item essencial na luta contra o coronavírus. A maior parte será doada para o serviço público de saúde dos Estados de São Paulo, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul e cidades com plantas operacionais da companhia.

Além disso, investiu recursos para a melhoria de um pronto atendimento, que após as obras de reforma e ampliação, terá sua capacidade de atendimento e oferta de serviços aumentada, tornando-se um hospital de média complexidade, com mais leitos para a população de Guaíba (RS). Entre outras iniciativas solidárias, estão também a doação de cestas básicas e materiais de higiene para famílias em situação de vulnerabilidade e apoio na compra de respiradores e EPIs para profissionais da saúde de Guaíba, município onde mantém sua unidade industrial.

A Gerdau firmou parceria com a prefeitura de São Paulo e disponibilizou aço e expertise para levantar hospitais de campanha na cidade mais populosa do Brasil. Natura e Avon estão juntas doando 2,8 milhões de sabonetes em comunidades carentes onde atuam. A Ambev está produzindo e distribuirá cerca de 500 mil unidades de álcool gel de 500 ml. Riachuelo doou 10 mil aventais para equipes médicas e, a Malwee, 5 mil itens de materiais hospitalares descartáveis. Mais recentemente o Itaú anunciou a doação de R$1 bilhão em diversas frentes de combate ao vírus. 

É um trabalho realizado como uma teia, em todo o Brasil, que abrange desde EPIs para profissionais da área da saúde, equipamentos para cuidar de quem está infectado, produtos de higiene para impulsionar a prevenção e toneladas de alimentos e cestas básicas sendo doadas. Segundo a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), o montante destinado para responsabilidade social é um recorde e já ultrapassa os R$2 bilhões. 

É disso que o País precisa. Planejamento, organização e liderança, qualidades que a iniciativa privada tem de sobra e precisa colocar à disposição do Brasil. Cabe às empresas e às prefeituras e governos estaduais darem as mãos para, juntos, redesenharem a retomada da economia de forma segura, baseando-se em medidas técnicas e zelando pelas pessoas.

Temos em nossas mãos a oportunidade de, ao mesmo tempo em que combatemos o vírus, começarmos a construir uma nova realidade, de um Brasil mais colaborativo, mais parceiro e menos desigual. Mas para isto é preciso empenho e responsabilidade de todos. Como disse Churchill, “Na paz, boa vontade. Na guerra, determinação”. Pois, então, lutemos juntos.