Instituto Pró-Carnívoros, ICMBio e Veracel destacam a importância dos remanescentes florestais nativos nas áreas da empresa

Instituto Pró-Carnívoros, ICMBio e Veracel destacam a importância dos remanescentes florestais nativos nas áreas da empresa

A Veracel Celulose de uniu ao Instituto Pró-Carnívoros e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP), para realizar um projeto de pesquisa sobre a ocorrência de mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica nas áreas de atuação da companhia, no Sul da Bahia. Os resultados indicam que 70% das espécies registradas nas unidades de conservação da região também estão presentes nesses fragmentos, destacando a importância de sua preservação e da utilização de práticas de silvicultura responsáveis para a conservação da biodiversidade regional.


O projeto foi iniciado em 2022 e registrou, até o momento, 31 espécies de mamíferos nativos nas áreas monitoradas, sendo 10 ameaçadas de extinção em nível estadual, 9 em nível nacional e 6 em nível internacional.


Para a realização da pesquisa, foram instaladas cerca de 60 armadilhas fotográficas em quatro áreas de remanescentes florestais preservadas pela Veracel entre as áreas de plantio de eucalipto da empresa. Juntos, os fragmentos totalizam 1.850 hectares e são considerados Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC). Mais de 40 mil fotos foram registradas e analisadas para identificação das espécies, sendo a maioria capturada à noite devido aos hábitos noturnos dos animais.


Um dos principais destaques do estudo foi o registro da anta (Tapirus terrestris), o primeiro realizado na Mata Atlântica do Sul da Bahia fora das unidades de conservação. Considerada vulnerável à extinção dentro e fora do Brasil, trata-se da maior espécie de mamífero terrestre da América do Sul.


Além dela, foram registrados primatas como o macaco-prego-de-crista (Sapajus robustus), o macaco-prego-de-peito-amarelo (Sapajus xanthosthernos), o guigó (Callicebus melanochir), e o mico-leão-de-cara-dourada (Leontophitecus chrysomelas).


Outras espécies que merecem destaque são as carnívoras, espécies amplamente caçadas no país e ameaçadas na Bahia, como o gato-maracajá (Leopardus wiedii), o gato-do-mato-sul (Leopardus guttulus), o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi), a jaguatirica (Leopardus pardalis), e a onça-parda (Puma concolor).


Os animais mais registrados estão o caititu (Dicotyles tajacu), a paca (Cuniculus paca) e o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus),
“A presença de diversas espécies ameaçadas de carnívoros, primatas e da anta nessas áreas reforça o papel fundamental dos pequenos remanescentes florestais, que podem atuar como estruturas de conexão entre as unidades de conservação da região, e devem ser alvo de ações de conservação, pois sozinhas, as unidades de conservação não são suficientes para manter a biodiversidade regional em longo prazo”, destaca Marcelo Magioli, pesquisador e vice-presidente do Instituto Pró-Carnívoros.


'A composição fragmentada da paisagem nativa da Bahia evidencia a importância dos plantios em mosaico, onde o eucalipto é cultivado nos platôs e os vales formados por vegetação nativa. Assim, estes fragmentos florestais remanescentes são capazes de manter a fauna silvestre presente não só nas unidades de conservação, como a RPPN Estação Veracel”, ressalta Virginia Londe de Camargos, gerente de Meio Ambiente da Veracel.


No futuro, a companhia, o Instituto e o ICMBio/CENAP planejam ampliar as áreas de estudo, além de utilizar novas ferramentas, como a coleta de amostras de DNA a partir de mosquitos e moscas hematófagas (i.e., que se alimentam de sangue) para ampliar ainda mais o conhecimento sobre a ocorrência de mamíferos na região Sul da Bahia.


Esses resultados serão apresentados durante o 12º Congresso Brasileiro de Mastozoologia, em Búzios-RJ, em setembro de 2024.