Artigo: Setor florestal investe em energia sustentável
*Por Wilson Andrade
Produtos de origem florestal estão presentes no nosso dia a dia e vão desde os mais evidentes, como papel e móveis, até produtos de beleza, medicamentos, alimentos e roupas. E, entre os segmentos que usam a madeira como principal matéria-prima, podemos citar o de celulose e papel, o de painéis de madeira, o de pisos laminados, o de serrados e compensados, o de siderurgia a carvão vegetal e, em destaque, o de energia.
Há algum tempo se fala de florestas energéticas. E o eucalipto é a principal madeira utilizada como biomassa para energia. Esta é uma das árvores que cresce mais rápido no mundo, produzindo muita biomassa por unidade de área. Lembramos ainda que a produtividade média da madeira no Brasil é 40 m³/ha/ano - recorde mundial (nossos principais concorrentes produzem cerca de 18 m³/ha/ano). Em determinadas regiões a produtividade ultrapassa 45 m³/ha/ano. Tudo isso baseado nas condições edafoclimáticas e na avançada tecnologia aplicada por nossos produtores e empresas.
Assim, a biomassa da árvore se torna a melhor alternativa para o setor florestal e para geração de energia no país, pois além de possuir todos os atributos das fontes térmicas estruturantes, com características economicamente competitivas, a grande base florestal disponível no Brasil contribui para regular os níveis de nossos reservatórios, minimizando riscos futuros de desabastecimento energético por escassez hídrica.
Eucaliptos alimentam também uma indústria muito forte de carvão vegetal que, por sua vez, é usado industrialmente em siderurgia e outras áreas. Há ainda um consumo agrícola muito grande de energia para geração de calor usado na secagem de produtos agrícolas, no aquecimento de aves ou na geração de vapor e calor para processos industriais.
A indústria de energia de biomassa de eucalipto é a que tem mais a contribuir para a diversificação da matriz energética do nosso país, atendendo a demanda das regiões mais distantes e que dependem de investimentos de redes de distribuição. E, na Bahia, já temos bons exemplos nesta área: a unidade da Energias Renováveis do Brasil (ERB) que funciona na Dow Química e atende boa parte da sua demanda em energia e calor; e a Solid - primeira fábrica de pellets de madeira da Bahia.
Ampliar a eficiência energética dos processos e adotar fontes renováveis para geração de energia são também preocupações do setor de árvores plantadas. É desafio constante ser cada vez mais eficiente na geração de energia e, ao mesmo tempo, consumir de forma responsável.
Nesse sentido, as indústrias do setor utilizam para geração de energia térmica e elétrica quase exclusivamente subprodutos de seus processos, principalmente biomassa florestal e licor preto (subproduto do processo de produção de celulose).
A parceria com uma usina produtora de etanol, vizinha à fábrica da Veracel, é excelente para ambas as empresas. A queima de bagaço de cana na caldeira auxiliar da Veracel tornou-se ótimo negócio, transformando esse resíduo em mais uma opção de combustível para a produção de energia elétrica. Apesar de não serem possibilidades novas, a Veracel é a primeira empresa do setor de papel e celulose que adota tal prática. De forma integral, em 2019, a empresa produziu 858 kWh/tsa de energia e o excedente de 112 kWh/tsa foi comercializado para o sistema nacional de energia.
As unidades industriais da Bracell na Bahia são autossuficientes na geração de energia elétrica para suas operações, o que contribui para o meio ambiente e para a economia de recursos financeiros. A energia é gerada a partir de fontes renováveis, como componentes de madeira e outras substâncias originadas no processo produtivo da celulose solúvel. Há, também, o uso complementar de gás natural e gás liquefeito de petróleo na Bahia, mas a empresa tem desenvolvido iniciativas e projetos que visam ao aumento de estabilidade operacional e ao uso racional de energia que deverão impactar positivamente o consumo energético.
Com tudo isso, o setor florestal contribui para o atendimento das demandas ambientais do “novo mundo”, elevando a produção e o consumo de energia limpa e de base renovável.
(*) Diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF)