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A importância e o potencial de uso da madeira plantada

Em setembro, o governo brasileiro entregou os seus compromissos oficiais pela baixa emissão de carbono, ratificando a sua participação no Acordo do Clima, um pacto mundial firmado por mais de 190 países no final do ano passado na Conferência do Clima em Paris, com o objetivo de mitigar as mudanças climáticas e conter o aquecimento global.

Entre os compromissos assumidos até 2030 estão o incentivo à integração de culturas, florestas e pecuária, passando dos 2 milhões de hectares atuais para 5 milhões, o desmatamento ilegal zero e a restauração e reflorestamento de 12 milhões de hectares de florestas (naturais e plantadas).

Este pacto brasileiro com o meio ambiente direciona ainda mais os esforços para a ampliação e desenvolvimento do setor de árvores plantadas, confirmando a sua importância para garantir o suprimento de matéria-prima associada à economia de baixo carbono. Para que esta contribuição se torne ainda mais eficiente, é necessário o reconhecimento e incentivo aos produtos de base florestal, tanto por meio de políticas de estímulo ao consumo, quanto por ações de conscientização do consumidor final.

Com uma base 100% renovável, os produtos originários das florestas plantadas estão presentes no dia a dia das pessoas. Eles vão desde os mais evidentes, como papel, painéis de madeira, pisos laminados, móveis e embalagens até produtos de beleza, medicamentos, alimentos e roupas, passando pelo carvão vegetal para a produção do aço presente, por exemplo, em automóveis, ônibus, geladeira, fogão, utensílios domésticos, instrumentos hospitalares, computadores, produtos eletroeletrônicos, entre outros, alimentando também setores como as indústrias gráfica, química, têxtil e farmacêutica e a construção civil. Além disso, os estudos e as novas tecnologias permitirão, em um futuro breve, aproveitar 100% da madeira, fibras, folhas e subprodutos dos processos, possibilitando novos usos como a celulose nanofibrilar empregadas na indústria de embalagens e a nanocelulose cristalina, voltada para as próteses médicas.

E os aspectos ambientais não são os únicos a enaltecer a importância dos produtos de árvores plantadas. Os benefícios econômicos e sociais devem ser considerados na sua matriz de sustentabilidade, principalmente quando uma das metas mundiais está direcionada aos esforços para se produzir mais com menos. De acordo com as previsões da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o mundo atingirá o número de 9,5 bilhões de habitantes em 2050, o que exigirá um aumento de 40% na demanda por madeira para uso industrial e geração de energia.

Neste sentido, graças aos estudos e aplicações de recursos das empresas do setor florestal, o Brasil lidera o ranking global de produtividade, com média de 36 m³/ha por ano para plantios de eucalipto e 31 m³/ha por ano para os plantios de pinus. Este desempenho, somado ao manejo responsável, garante a eficiência da proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos. As pesquisas e inovação do setor também levarão ao aumento da quantidade de fibras, por meio da biotecnologia e da nanotecnologia, e da resistência às pragas e alterações climáticas. As árvores já produzem materiais mais leves e resistentes e poderão fazer muito mais com o avanço dos projetos em nanocelulose, fibras, cristais e biorrefinaria. E quando falamos na substituição de produtos pouco sustentáveis, as empresas do setor de floresta plantada já trabalham no desenvolvimento do etanol celulósico e uso de fibras de celulose, que representam alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis e ao alumínio, respectivamente. Para que esta integração entre o progresso das pesquisas, a melhor produtividade, o atendimento às demandas da população crescente e a economia verde aconteça, a preferência pelos produtos florestais passa a ser determinante, e por isso, o consumidor tem que exigir mais produtos renováveis e certificados e pedir ao governo políticas de incentivo a esta oferta.

Por meio da expansão das florestas plantadas e restauração de áreas degradadas, o Brasil tem a oportunidade de eliminar o desmatamento ilegal ao mesmo tempo em que aumenta os estoques de carbono. E o potencial do setor é grande, os 7,8 milhões de hectares de árvores plantadas representam menos de 1% do território nacional com muito espaço e oportunidades para crescer, em áreas previamente deterioradas por outros usos.

Por Elizabeth de Carvalhaes
* Presidente-executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá)

Este artigo foi publicado na revista O papel em outubro de 2016