Perspectivas para a indústria no Brasil

Perspectivas para a indústria no Brasil

Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC no Brasil

Os custos com impostos e taxas continuam sendo uma das maiores preocupações das companhias brasileiras. A alíquota da tributação sobre a renda das empresas chega a 34% no Brasil, de acordo com um levantamento recente sobre competitividade da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que mostra que, em comparação com outros 17 países, a carga tributária brasileira é uma das mais elevadas, especialmente para as indústrias.

No mesmo ranking, quando o total de impostos e contribuições recolhidos pelas empresas é medido como porcentagem do lucro, o Brasil está na 16ª posição, com 65,1%, à frente apenas da Colômbia (71,9%) e da Argentina (106%). O valor chega a ser três vezes maior que o verificado no Canadá (20,5%), que é o 1º colocado, e praticamente o dobro do Chile (34%), que ocupa a 6ª posição.

Ainda assim, existem medidas provisórias sendo realizadas para melhorar o ambiente de negócios, modernizar a legislação e simplificar obrigações e processos, para alavancar a economia e contribuir para a geração de emprego e renda, além de aprimorar a infraestrutura em geral.

Outro ponto que precisa ser levado em consideração pelas empresas é a sua eficácia de gestão. Temos acompanhado no mercado a implementação de metodologias como o Lean Management, um sistema integrado de princípios, práticas operacionais e métodos que consiste em um modelo de gestão para aumentar a eficiência dos processos, com foco em segurança, meio ambiente e melhoria contínua. 

Em dezembro a CMPC, onde atuo como diretor-geral, completou 10 anos no Brasil trabalhando com celulose, uma matéria-prima 100% renovável. Entre suas muitas conquistas estão a economia de R$ 19,2 milhões neste ano em relação a 2018 utilizando ferramentas como o próprio Lean Management, possuímos mais de 900 hortos florestais e uma produção anual de 1,8 milhão de toneladas de celulose.

A companhia contribui com aproximadamente 45 mil postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos na economia do Rio Grande do Sul. Além de desenvolver soluções sustentáveis que estimulam a bioeconomia, setor que reúne todos que fazem uso de recursos biológicos, a empresa recicla 99,7% dos resíduos sólidos do processo industrial, o que significa que, a cada ano, 600 mil toneladas são transformadas em novos 15 novos produtos gerando mais de 180 postos de trabalho e uma receita respeitável.

Com otimismo seguimos na direção certa, na certeza de ainda há muito a ser feito para colaborar não só com o Rio Grande do Sul, mas com todo o País.

Tomando como exemplo o ciclo de vida médio de um eucalipto, que é de sete anos, as indústrias precisam pensar em planos de crescimento a médio e longo prazo, independentemente de questões políticas ou econômicas.

As indústrias precisam aumentar a produtividade e a eficiência operacional, tendo como foco o futuro, seja revisitando as estratégias de negócios e relacionamento ou modernizando suas unidades à realidade da Indústria 4.0.

Para voltar a crescer de forma consistente, o Brasil precisa investir em medidas como desestatização, por meio de concessões, privatizações e parcerias público-privadas, para estimular a economia e atrair investimentos em infraestrutura de áreas como transporte hidroviário, energia e saneamento.  Outras duas medidas de impacto significativo para a retomada da economia são a simplificação tributária e a modernização da legislação, para promover segurança jurídica e diminuir os custos e a burocracia.