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Artigo: A biodiversidade que pulsa no setor de árvores cultivadas

*Por Patrícia Machado 

A pandemia fez com que as discussões sobre a urgência de restabelecermos o equilíbrio entre humanidade e meio ambiente tomassem corpo em toda a sociedade de maneira exponencial. O assunto ganhou a luz que merece. O modelo de desenvolvimento econômico baseado na exploração irracional da natureza está ultrapassado. As agendas de biodiversidade e clima estão pautando as grandes negociações e políticas planetárias, a exemplo do European Green Deal (Pacto verde Europeu), a pauta verde nas eleições americanas e a abordagem “One Health” (Saúde única) da Organização Mundial da Saúde em respostas aos surtos de doenças zoonóticas e pandemias, que não deixam dúvidas de que já vivemos novos tempos.

Vale ainda lembrar que está em discussão pela Convenção da Diversidade Biológica, que é um tratado da Organização das Nações Unidas, o novo Marco Global da Biodiversidade Pós-2020. Atualmente, mais de 190 países estão negociando e definindo, em conjunto, as 20  metas ambiciosas que deverão orientar as ações que visam à conservação, uso sustentável e repartição de benefícios oriundos da biodiversidade até 2050.

O pós-crise exigirá ainda mais conhecimento, inovação e capacidade do ser humano em reinventar seus hábitos. Aqueles que se preparavam para o amanhã, fazendo da natureza uma aliada, mostraram-se prontos para atender aos anseios da sociedade moderna agora. O setor de florestas plantadas, e seus mais diversos segmentos, como de celulose e papel, é um exemplo de como produção e biodiversidade podem, e devem, caminhar de mãos dadas. As práticas adotadas pelas empresas brasileiras de base florestal  e o compromisso com fauna, flora e recursos naturais estão totalmente conectados às metas globais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), às metas de biodiversidade da Convenção da Diversidade Biológica e ao Plano estratégico do Fórum das Nações Unidas para as Florestas (UNFF, sigla em inglês).

Grandes áreas destinadas à conservação, atividades de monitoramento, restauração, pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo e envolvimento da comunidade local são alguns exemplos de como o setor de florestas plantadas atua com consciência de seu papel de construir um legado para as próximas gerações.

Aproximadamente 5,6 milhões de hectares são conservados em forma de Áreas de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal (RL), Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e áreas de Alto Valor de Conservação (AAC). Isto vai além do que a lei exige, pois para cada 1 hectare de árvore cultivada outro 0,7 é preservado. Estas áreas somadas às boas práticas adotadas pelo setor fazem grande diferença para a manutenção da biodiversidade local, como: formação de corredores ecológicos, que fornece alimentação e  abrigo, além de permitir o fluxo das espécies e sua reprodução; mosaico de idades, ou seja, cultivos em diferentes fases de desenvolvimento;  plano da colheita; e planejamento de abertura de novas estradas.

Todas as atividades são pensadas de modo a proteger a biodiversidade. Uma análise dos estudos conduzidos onde as companhias de base florestal situadas nos biomas Mata Atlântica e Cerrado atuam, apontou que entre as espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 38% dos mamíferos e 41% das aves foram encontrados nas áreas dessas empresas.

As empresas do setor investem em amplos programas de monitoramento da biodiversidade que geram inúmeras informações que podem ser utilizadas para melhoria das áreas destinadas à conservação; entender  se as  práticas silviculturais estão afetando a vida na natureza e buscar  melhoria do manejo; indicar áreas prioritárias para restauração; e compartilhamento das informações com universidades e institutos de pesquisa para trabalhos científicos  mais aprofundados.

Diversos grupos biológicos são estudados, desde pequenos insetos, passando por aves até grandes mamíferos. Esse monitoramento permitiu, por exemplo, a detecção de importantes espécies há 20 anos sem registros de aparição em algumas regiões, como a onça pintada. No ano de 2017, por exemplo, o maior felino das Américas, considerado ameaçado de extinção, foi avistado em áreas destinadas à conservação mantidas pelo setor de árvores cultivadas no Paraná e na Bahia.

A vida que pulsa nestas áreas é a comprovação de que  convivência entre a produção  sustentável e a natureza é completamente possível. Mais do que prover produtos essenciais, este é um setor que não mede esforços para entregar um futuro melhor. Uma referência para o mundo, um espelho para o Brasil, que possui uma vocação para ser protagonista desta Era Verde.

* Patricia Machado – Coordenadora de Políticas Florestais e Bioeconomia da Ibá. Engenheira Florestal, mestre e doutora pela Universidade Federal de Viçosa.